News

Galeria CMafra inaugura com a Mostra Fotogênese

 Ricardo Hantzschel, Paisagem do curtume.

 

 

Fotogênese mostra trabalhos inspirados no conceito de nascimento


A proposta da exposição que inaugura a galeria CMafra é reinventar a fotografia, em vez de limitá-la a mero registro da realidade.

 

 

Amanhã, BH ganhará sua primeira galeria de arte dedicada à fotografia. O espaço leva o nome do proprietário, Cícero Mafra, e já existe há um ano. Mas só agora será inaugurado oficialmente, com a exposição Fotogênese. A mostra reúne obras de Ana Casatti, Davilym Dourado, Ricardo Hantzschel e Rogério Medeiros. A seleção ficou a cargo do paulista Eder Chiodetto, que assumiu o posto de curador da galeria. O projeto é realizar seis mostras anuais – uma coletiva e cinco individuais. Até outubro, os mineiros verão os trabalhos de fotógrafos gaúchos.

 

 

Eder Chiodetto conta que a inauguração da galeria mineira lhe trouxe o desejo de realizar mostra que falasse de coisas que estão nascendo. Divagando, associou as ideias de luz, fotossíntese, surgimento de vida e formas ainda não definidas. Foi assim que chegou à palavra Fotogênese. Chiodetto partiu, então, para a seleção de fotógrafos que trabalhassem com motivos identificados com esse conceito.

Rogério Medeiros faz imagens abstratas a partir da natureza – fusão de pintura e fotografia, valorizando texturas, cor e forma, despreocupada com relatos ou documentação do real.

 

 

Ricardo Hantzschel, por sua vez, mostrará fotos vindas de câmera construída artesanalmente, chamada pin-hole. Assim, observa Chiodetto, “ele reinventa o que é fotografar, desautomatiza a foto”. Isso numa época em que o digital facilita tudo. Resultado: imagens que têm espessura, antecipa o curador.

Os trabalhos de Davilym Dourado surgem de “ataques” com ácido, jogado sobre negativos de fotos antigas dele, registrando a corrosão do material. “O tempo resguardado na foto é redimensionado pelo acaso”, pontua o curador, explicando que o resultado é muito pictórico.

 

 

Ana Casatti traz imagens opacas, delicadas, femininas. “Quase só indícios”, lembra Chiodetto, ressaltando que elas tanto sugerem esquecimento como lembranças. “São praticamente haikais”, afirma, ressaltando sua natureza poética e sintética.

 

 

PEGADA Os trabalhos expostos não são imagens isoladas. Integram séries desenvolvidas metodicamente pelos fotógrafos. “Você sabe quem é profissional quando o autor mantém a pegada e o discurso conceitual em várias imagens”, garante Chiodetto. A diversidade de procedimentos vem do fato de, nos últimos 10 anos, o Brasil viver momento em que são ampliados os limites da prática da fotografia experimental. “O repertório do fotógrafo cresceu. Nunca houve tantas portas abertas para que cada um escolha o seu caminho. Todos os processos são ferramentas para construir poéticas pessoais, o essencial quando se faz arte”, afirma.

 


O arquiteto e designer Cícero Mafra conta que o projeto da galeria nasceu da paixão pela fotografia, que o levou a viagens e estudos, além de formar coleção e a fotografar. O objetivo dele é divulgar a arte fotográfica com exposições e palestras, além da venda de trabalhos. Para ele, o gênero tem posição marginal no circuito. Há apenas 10 galerias dedicadas à fotografia no país, lembra. “É pouco”, observa. “Mas a situação mudou, estamos descobrindo a fotografia”, garante.

 

A importância de uma galeria dedicada à fotografia, explica Éder Chiodetto, está em formar público para essa linguagem e também para as atividades culturais. A proposta é fazer do espaço belo-horizontino centro de convivência, inclusive com biblioteca, visando incentivar a reflexão e o pensamento. Organizador da mostra Geração 00: a nova fotografia brasileira, em São Paulo, o curador dá uma dica de livro aos interessados: A fotografia como arte contemporânea (Editora Martins Fontes), de Charlotte Cotton. E conclui: “Arte são visões e pontos de vista que nos mostram ser possível ver o mundo de forma desautomatizada”.

 

Fotogênese
Fotografias de Ana Casatti, Davilym Dourado, Ricardo Hantzschel e Rogério Medeiros. 



Galeria CMafra
Rua Xingu, 487, Alto Santa Lúcia
(31) 3296-4246.

Funciona de terça a sexta-feira, das 14h às 19h. Até 8 de setembro.


Divirta-se - UAI

Autor: Walter Sebastião - EM Cultura - UAI - Divirta-se

REDES SOCIAIS AUTVIS