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12 de Fevereiro de 2025
Amanda Pankill e Mimura Rodriguez lançam produtora contra exploração na arte urbana
Buscando uma remuneração justa e maior transparência nas negociações, as artistas visuais Amanda Pankill, representada pela Autvis, e Mimura Rodriguez uniram forças para fundar a Seiva Cultural. A produtora nasceu do desejo de ambas de combater a exploração no mercado de arte e ampliar a presença feminina nesse cenário.
Com uma bagagem sólida, Amanda e Mimura conhecem bem os desafios enfrentados pelos artistas, especialmente ao lidar com atravessadores – geralmente empresas comandadas por homens – no setor artístico-cultural.
“A maioria dos artistas não tem conhecimento sobre como funciona a produção. Por isso a dificuldade em desenvolver um trabalho do zero ou negociar cachês. Sabemos a respeito dos materiais, técnicas e necessidades para executar um projeto, mas, em relação às questões burocráticas, muitas vezes falta o conhecimento”, explica Amanda.
Essa percepção aliada à experiência de ambas no meio artístico fez com que assumissem o controle da própria produção. “Decidimos tomar as rédeas. Quando colocamos a mão na massa, ganhamos a confiança necessária para produzir outros artistas. Fomos nossas próprias cobaias”, conta Mimura.
A criação da Seiva Cultural rapidamente rendeu os primeiros frutos, com a produção de oito murais no Conjunto Habitacional Campo Limpo, na zona sul de São Paulo (SP), sendo um deles de Pankill e os demais de outras artistas. As obras foram selecionadas pelo programa Museu de Arte de Rua (MAR), da Prefeitura de São Paulo.
O projeto marcou um momento significativo na trajetória das artistas. “Foi uma experiência nova, e começamos com o pé direito: emplacamos oito projetos no primeiro edital do MAR. Foi uma loucura! Começamos a trabalhar meses antes de tudo acontecer. E tivemos a sorte de contar com artistas muito queridos, que entenderam nosso processo inicial e foram superparceiros. Esse respeito mútuo foi essencial para o sucesso do projeto como um todo”, comentam.
Olhando para o futuro, Amanda e Mimura têm grandes planos como produzir mais artistas, expandir o conhecimento em produção e, principalmente, contribuir para o cenário artístico oferecendo um trabalho de qualidade com uma remuneração justa.
“Somos artistas antes de sermos produtoras, já sentimos na pele o que é ser tratada como mercadoria, quando, na verdade, deveríamos ser valorizadas como criativas e agentes transformadoras da nossa cultura. Esse é o nosso grande diferencial”, destacam.
Entre as formas de valorizar e proteger a obra dos artistas visuais, está o trabalho da Autvis (Associação Brasileira dos Direitos de Autores Visuais), que representa a titular Amanda Pankill. A associação atua no monitoramento e licenciamento de obras, bem como na negociação em caso de uso não autorizado.