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Gilberto Salvador: “ser artista é consequência”

Ainda criança Gilberto Salvador já percebeu a habilidade para as artes manuais. “Sempre gostei de pintar e projeta­va meus próprios aeromodelos, em vez de comprar os kits com os modelos já prontos”, lembra o artista, que come­çou a trabalhar com escultura por volta dos 14 anos e aos 18 fez sua primeira exposição. “Meu objetivo nunca foi ser artista. Foi um processo natural. Gosto de fazer arte. Ser artista é conseqüência.”


Em seu currículo, Gilberto tem a participação de quatro Bienais Internacionais de São Paulo e, entre suas princi­pais mostras individuais, destacam-se duas exposições no Masp, em 1985 e 1995. Em 1999, a escultura Vôo de Xangô foi instalada na Estação Jardim São Paulo do Me­trô. Possui obras nos acervos de diversos museus, em São Paulo, Brasília e Londrina.


Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, em 1973, Gilberto Salvador trabalhou 10 anos como arqui­teto, além de dar aulas na faculdade de arquitetura. “Mas a grande qualidade do homem é quando ele começa a perceber suas incompetências”, brinca, ao explicar por­que deixou a profissão. “No meu trabalho artístico, a ar­quitetura aparece. Não como poética, nem como lingua­gem, mas como instrumento.”


Gilberto defende que é preciso mais do que talento e conhecimento técnico para formar um artista. “Qual­quer linguagem poética é resultado da constância do trabalho. O processo de criação se torna cada vez mais rápido. Bach só fez obras-primas da música porque pro­duziu muito. É o contrário do processo industrial, em que a qualidade cai quando a produção aumenta”, afirma o artista, que atualmente trabalha em seis peças, além do processo de criação.


Ele diz que a inspiração vem das dúvidas que tem em re­lação a alguns assuntos. “A arte é a única maneira que o homem tem de inserir a filosofia da vida de forma prática”, define Gilberto, que defende a influência da brasilidade na arte. “O Brasil é um país miscigenado porém, muitas artistas sucumbem à colonização cultural, à crítica, aos curadores e deixam de lado à pluralidade. Mas ainda vejo coisas maravilhosas sendo produzidas na arte brasileira.”



Associado da AUTVIS e grande ativista dos direitos dos ar­tistas, Gilberto Salvador acredita que o que mais vale é o produto intelectual. “Os artistas precisam ter consciência do seu próprio valor e saber que o artista acaba mas a obra dele fica. Portanto é fundamental que o espaço da obra tenha dignidade. O surgimento de uma entidade como a AUTVIS é bom em todos os sentidos e para todos os en­volvidos, pois busca o respeito da produção intelectual.”



Gênesis, exposição realizada no jardim do Museu da Casa Brasileira, o artista plástico Gilberto Salvador propôs, por meio das 30 peças que integraram a mostra, um diálogo entre a arquitetura e a cidade e um desafio ao olhar dos visitantes. As formas, cores, ritmos e movimentos que aparecem em cada obra transcendem a arte visual e se inserem de forma marcan­te no espaço arquitetônico.




Observações: Imagem cedidas pelo artista para uso exclusivo no site da AUTVIS. Fotografias de Felipe Reis

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